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III Cartilha para a garantia de sucesso

Quarta-feira, 18.07.12

Lição nº1 - Eu se for bom, nós se der jeito.


É a mesma história de sempre. A pessoa e o seu tipo.

Matreira ou leal? Torta e sem capacidade de se endireitar ou recta? Capaz de tudo ou escrupulosa?
   O "eu" constrói-se. De preferência sob alicerces sólidos. É complexo. Precisa de crescer firme, com dignidade e valores.
Mas um "eu" comprometido com a necessidade de sucesso já vem feito.
Aparece a querer o lugar do outro, sendo falsamente empreendedor.
Ninguém lhe corta as pernas.
Põe e tira máscaras. Assume identidades. É várias pessoas. Engraxador. Eu, EU, eu.
Tem várias peles. É o que der mais jeito.
   Em contexto de reunião, em versão depuradamente graxista, o "eu" sai do armário como: "eu fiz", "eu tive a ideia", "eu cheguei a horas"...
Diz que está ou que esteve. Não confirma nem desmente. Disponível agora e sempre. Que viu ou vai ver. Leu ou anda. Não pensou, vai pensando. Não se dedica, continua a dedicar-se. Tem sempre ideias. Mas fá-las parecer difíceis de ter. Por elas reclama protagonismo e arrufos de genialidade.
Desenvolve-se no lodo da crise, na oportunidade que cria, desleal, na miséria alheia.
Fala quando interessa e repete o que surtiu efeito. Sistematiza o óbvio.
Aí o "eu" passa a perna. Diz "presente!" quando se trata de elogios. Auto-vangloria-se. Atribui-se honras. Estende a passadeira vermelha para si. Diz venha a mim....
Insinua-se para chefe. Tem a língua esticada para lamber. Não renuncia a uma boa filha-da-putice.
   O "eu" faz recair sobre si todos olhos, a não ser quando quer passar despercebido, aí passa a "a gente". Ou quando a crítica assoma em que manda o "a gente" à frente.
   O "fui eu que fiz" procura a promoção. Faz-se à atenção alheia. Colhe créditos. Soma os dos outros.
Dá saltinhos no meio da fila, dizendo: "estou aqui, estou aqui!". Acaba passando à frente.
O "eu fiz" não queima pestanas. Delega.
Lança-se às grandes empreitadas. Ao visível.
Procura protagonismo. Não vai em anonimatos ou pseudónimos.
Assina em maiúsculas.
Não pulveriza o seu trabalho.
   O "eu" tem predicados não reconhecíveis no "a gente". Não vai em números. O que é seu é seu e o que é dos outros é "da gente".
   O "eu fiz" não anda ao tostão.
Estabelece diferença nítida com o "vocês".
   O "a gente" é conveniente. Dá jeito. Salva. Protege do descrédito. Um "achámos" é menos arriscado do que um "acho".
É selectivo. É cirurgicamente inclusivo. Distribui a crítica por todos. Partilha  a culpa.
Lança poeira para os olhos quando é conveniente.
Desvia as atenções.
   O "eu" chega longe, mas só à custa de muitos "a gente.
   Num país de "eus" quem tem um "a gente" tem garantias notórias de sucesso.

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publicado por Carlos M. J. Alves às 21:49


1 comentário

De LWllow a 19.07.2012 às 00:02

Fez-me lembrar o prazer de leituras de textos do Mário Henrique Leiria e Alberto Pimenta .
'Boa' ! ;)

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