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III Bairro Alto aos seus amores

Quarta-feira, 25.04.12

[Provavelmente a propósito do programa A Conversa dos outros produzido pela Buenos Aires Filmes, da autoria de Miguel Braga e com realização de Gonçalo Roquette]

 

Conversa dos Outros

 

A Conversa dos outros é um programa sobre os bairros históricos lisboetas exibido na RTP2.

As pessoas e o seu dia-a-dia. Este domingo foi dedicado ao Bairro Alto. Entre a Escola de Música do Conservatório Nacional e o Restaurante Bonsai. Mas não só.

   Em relação a Lisboa sempre oscilei entre a Graça e o Bairro Alto. Sempre subi e desci o Chiado. E sempre preferi o Príncipe Real.

   Na época em que frequentei o Bairro Alto (o Bairro, como diziam os fiéis) toda a gente conheceu alguém que não devia.

Toda a gente bebeu o que não era preciso (ou era?).

Ninguém acabou uma noite sem uma história. Contando a sua. Ouvindo a de alguém. Fazendo sua a de outro.

Uma frequência feita de bêbedos, algumas prostitutas, revolucionários, inadaptados, estudantes de Erasmus com traços de Ibsen, alunos da FCSH com ares trotskistas de PSR, freaks, chicos fininhos com Ar de Rock


Aos sss pela rua acima

Depois de mais um shoot nas retretes


alternativos de Doc Martin’s ameaçando nas t-shirts Death to the Pixies, gente (muita) de negro, indivíduos cravando cigarros, moedas ou horas, confirmando a pontualidade para encontros marcados ou desencontros quase a acontecer.

Novos e velhos em espírito:

 

Bairro Alto aos seus amores tão dedicado

Quis um dia dar nas vistas

E saíu com os trovadores mais o fado

Pr'a fazer suas conquistas

 

Muitas revoluções foram preparadas, em velhas mesas, entre imperiais. A maioria nunca chegou a acontecer. A juventude tem a maior das facilidades em sonhá-las. Também se escreveram, rapidamente, livros, se pintaram de cabeça quadros fabulosos e se encenaram peças em pouco tempo.

Álcool

Má fama

Becos

Sujidade

Decadência

Romântico

Perigoso

O Bairro Alto era tudo isso. E de todos. Exigia menos do que a 24 de Julho para receber.

Seria Kitsch se alguém se preocupasse com isso e se não fosse só usado, gasto e sem ligação.

Os Rádio Macau cantavam-lhe o Elevador da Glória que levava as pessoas até si. Os Peste & Sida o Gingão, imortalizando-lhe o Sr. Aníbal:

 

Lá os flipers e os matrecos

Comem niqueis de seguida

No Gingão curte-se mais

Só gastamos em bebida

 

Havia o Frágil para que parecesse sofisticado. Mas, não tinha como enganar.

Foi disto que me lembrei quando vi A Conversa dos outros. Recordo-me nitidamente, por isso posso não estar a ser rigoroso.

   Para que serviriam as madrugadas se não existissem sítios como o Bairro Alto?

Como em qualquer espaço mítico no Bairro Alto o tempo é singular. Sei de muita gente que ficou lá para sempre.

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publicado por Carlos M. J. Alves às 11:09





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