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III Se eu fosse a ti, fazia o que eu digo e não olhava para o que eu faço

Domingo, 24.02.13

Todos já nos cruzámos consigo. É comum e espontâneo. Aliás, de cada umbigo proeminente, de um altruísta egocêntrico ou de algum bem intencionado sabedor surge sempre um "Se eu fosse a ti". Ele aparece em circunstâncias de dúvidas, intromete-se em momentos de fraqueza, afoita-se a propósito de hesitações e acerta o passo pela atrapalhação. 

     Por vezes é um gesto bem educado como o de abrir a porta às senhoras. No entanto, um "Se eu fosse a ti" torce o nariz. Tem a mania. 

É de quem não consegue ficar calado. De quem sabe ou acha que sabe da nossa vida e está convencido de que saímos a beneficiar com as suas opiniões. É um "Não devias ir por aí" e "Devias ser mais como eu".

Tem personalidade metediça e intrusa. É abelhudo, atrevido e até insuportável.

     Um "Se eu fosse a ti" acha que nos entende e acompanha-nos para todo o lado. É por nós. Um farol. Tem um lado bom: não quer que passemos vergonhas. Repreende-nos para o evitar.

Nessas ocasiões não dá troco a críticas negativas. Compreende a nossa posição e tem pena e consideração. É benemérito e serve para nos amparar.

       Um "Se eu fosse a ti" está sempre de olhos em nós e é todo ouvidos. Porquê? Porque acha que um dia pode estar na nossa situação e, por isso, é um "tu" que passa, temporariamente, a "eu". 

     Compara-se e preocupa-se connosco, dá-nos conselhos e põe-se no nosso lugar, reclamando experiência, pleno de maturidade. Esclarecido. Achando que sabe mais do que nós.

      Um "Se eu fosse a ti" encoraja-nos, calça os nossos sapatos, abre-nos os olhos, dá-nos a mão e oferece um ombro se as coisas descambarem. Podemos confiar em si porque é uma voz rezingona, amiga, frontal que não se coíbe e não dá com a língua nos dentes. 

Abre-nos caminho, faz as nossas vezes e tem vontade de ir à frente. Liberta-nos tensão para não nos saltar a tampa.

Tem ideias para nós e projectos. Identifica-nos as prioridades. É um "deixa-te disso", fraterno.

     Um "Se eu fosse a ti" faz juízos de valor  q. b., mas mais importante do que isso, dá hipóteses, pistas, apresenta opções, faz contas  e ajuda-nos a considerar saídas.

Põe-nos a tomar decisões, a fazer dietas, a cumprir prazos, a treinar para a maratona, a optar entre a Maria e a Joana, a escolher entre e a praia e o campo... manda-nos ver a febre.

     Às vezes passa das marcas e mete-se onde não é chamado. Chaga-nos, descompõe-nos e põe-nos as malas à porta. Repisa. É chato e desagradável. Troca-nos as voltas e dá-nos um discurso. Ou insinua "Faz como eu digo, mas não faças como eu faço!". Aí apetece-nos dizer: &%%&#*$#"!x. Mandá-lo dar uma curva. Perguntar-lhe por quem lhe encomendou o sermão.

Outras nem deve ser tido em consideração porque não sabe do que fala. 

   Se tivermos sorte um "Se eu fosse a ti", tem cuidado com as coisas que diz, insinua, desaconselha, faz reparos e ajuda-nos a enfrentar as contrariedades. Mas, por vezes, remete os nossos hábitos para o tempo das trevas, passeando-nos pelo lodo e por isso o melhor é não arriscar.

   A verdade é que apesar das boas intenções nem sempre fazemos caso de um qualquer  "Se eu fosse a ti". Esquivamo-nos. Ficamos com a Maria e a Joana. De manhã vamos à praia com uma e à tarde fazemos um piquenique no campo com a outra. Com 40 graus de febre.

Mas, nessas alturas e em especial quando as coisas correm mal, damos automaticamente de caras com um ainda pior:

"Eu bem te disse"                   

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publicado por Carlos M. J. Alves às 11:28

III Filhos de boa gente

Sexta-feira, 22.02.13

Contribuintes pedem faturas em nome de Passos Coelho e Vítor Gaspar

Como forma de resposta à obrigatoriedade de pedir fatura, penalizando com multas quem não o fizer, há quem esteja a dar o número de contribuinte de Passos Coelho, Vítor Gaspar e até Miguel Relvas. Os dados estão a circular nas redes sociais. Ler mais

 

A quente pode pegar-se pela eterna questão dos meios e dos fins e quais justificam o quê mas, mais uma vez, fica provado que a vingança tem muito de canapés de camarão, de ceviche à moda de Sinaloa ou salpicão de frango com maçã. Serve-se fria.

     O português deixa arrefecer e depois vinga-se. É que deixar esfriar, ao contrário do que alguns pensam, não é, no entanto, o mesmo que deixar passar em claro.

     O português parece que não dá conta, mas aguenta-se discretamente, reagrupa, organiza-se, vai à volta ou procura outro caminho e chega lá.

Lambe as feridas, desvia a atenção do prato principal, mas entretém-se com uma salada de frango mexicana até atacar as iguarias.

     Em vésperas de ajuste de contas, o português continua com o que estava a fazer, mas não se esquece. Protela, mas fica-lhe atravessado. Lança manguitos, reivindica e contra-ataca.

    O português não se faz de vítima, não se dá ares de mártir, nem oferece a outra face, antes tem ganas de "Quem mas faz paga-mas!" e de "Não perdes pela demora!".

     O português pode ser brando nos costumes, mas vai aos arames como toda a gente. Não tem arcaboiço para injustiças, não dá tréguas a traições e atira-se aos gasganetes de avestruzes  com a cabeça enterrada na areia.

Não vai em conversas e muito menos admite que lhe mexam nos bolsos. 

Como qualquer bom entendedor, não precisa de muitas explicações, improvisa e meia palavra basta-lhe. 

     O português sente-se mal representado e anda farto de ser sempre o mesmo a pagar a conta. Até porque, como se costuma dizer: "Quem não se sente não é filho de boa gente".

     Pelo sim, pelo não, vamos lá a ver se, pelo menos, começamos a dividir a factura.

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publicado por Carlos M. J. Alves às 18:42

III O Silêncio dos Inocentes

Domingo, 17.02.13

Em casa o silêncio é tão difícil como ganhar a lotaria. Tão improvável como uma descida súbita de impostos.

   A paternidade traz associada a falta de sossego. Ventos intranquilos para a bonança. Um desnorte para a paz e serenidade.

  A ingenuidade infantil é um antídoto para a tranquilidade, uma vacina para a mudez, uma antecâmara para o barulho.

  Uma criança tem a capacidade de apreciar tudo o que seja elemento decorativo inspirado num universo Austin Powers e de possuir um débito sonoro (ruidoso) equivalente a uma actuação de uma banda de Death Metal em noite de  prémiere. Dentro e fora de portas. Fazendo um aproveitamento aparatoso para espectáculos da sala de jantar, equivalente ao possível na Wembley Arena e Coliseu dos Recreios ou na varanda por comparação com os jardins de Versailles.

Entidades implacáveis, armadas até aos dentes de cordas vocais aguçadas e poderosíssimas aptas a lançar semicolcheias selváticas e riffs ásperos à base de atmosferas guturais e histéricas a vários quilómetros de distância à velocidade da luz. Defendendo a máxima "para quê sussurrar quando se pode gritar" entusiasmadas como se apregoassem a paz para o médio oriente até três galáxias de distância da nossa. 

Groupies  endiabradas sub 8, autoras de autênticos hinos pedregosos, entoando a mensagem "Aqui não haverá silêncio!" e sinfonias guinchadas "Aqui ninguém ouve nada!". 

    Em qualquer lado que existirem crianças nas proximidades tudo será, inevitavelmente, gritado a plenos pulmões. 

    Não quero aparentar ter um apetite torturador por criaturas barulhentas como McCarthy por comunistas mas, multipliquem o descrito por duas crianças e percebem a impossibilidade de ter um ambiente silencioso. 

Às vezes, tem-se a sensação de ter embarcado numa cápsula do tempo e aterrado em plena beatlemania com ninfetas entre os 3 e os 7 anos vozeando esbaforidas sem ser necessário ouvir Love me do. Os ouvidos de vítimas inocentes acabando saqueados e consumidos como patê, os miolos desfeitos em Strogonoff suscitando uma dieta rápida e fulminante de decibéis.

Nessas alturas olhamos em volta desesperados e pedindo auxílio. Como quando estamos no avião a olhar pela janela, com o rabo com a forma de um hexágono recente, e observamos, atentamente, as nuvens na esperança, estranha e impossível, de aparecer uma placa a dizer Nova Iorque a 500 metros.

     Ora, ninguém sai prejudicado se for um fã da Dave Matthews Band ou um seguidor atento dos comentários maternais e eroticizados de Teresa Guilherme “O que a menina quer sei eu!” que se podem ouvir entre zappings. Mas a situação torna improvável apreciar, atentamente, um acorde de Glenn Gould ou uma reflexão de George Steiner.

Desferindo o golpe final, como uma anjo da morte sem misericórdia, à filosofia de vida que tem inerente a ideia de que There’s no place like home.

     É claro que acabamos a relativizar e a repensar a possibilidade de viver com mini cyborgs providos com uma espécie de didgeridoo infernal em vez de língua. Protela-se a opção "Chamem a polícia". Até porque a  nossa consciência nos acaba por lembrar que são crianças… inofensivas e cândidas. E mais importante que isso, que são nossas. 

E isso muda tudo. Infelizmente, o barulho continua.

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publicado por Carlos M. J. Alves às 11:54

III A latosfera

Quinta-feira, 14.02.13

Se alguém lhe disser na cara "É preciso ter lata!" como se você fosse uma mutação de Marylin Manson subvertendo Tainted Love, com orgulho, confirme. 

Pode até acrescentar: "Sim, claro, sou português!".

     Se eu não fosse português gostava de o ser só por causa da lata. O português tem lata. 

Em doses Cheerios familiar.

Não se acanha. Não é acabrunhado. Arroja-se.

Bate à porta para pedir um pezinho de salsa, mas transforma-se, ainda na soleira, em Átila o Huno acabando a saquear a despensa e a assaltar o frigorífico da vizinha. 

Garante qualidades duvidosas.

Vantagens inexistentes.

Confirma prazos por cumprir.

Validades ultrapassadas.

Compromete-se com o impossível.

Pisa o risco.

Enfim, tem lata.

Exemplos?

Ter lata é desvalorizar ao agente da autoridade índices elevados de alcoolémia no limiar da náusea e com evidências na fralda da camisa de vómito recente.

É ser capaz de desmentir aos pais da jovem uma gravidez, com o trabalho de parto em contagem decrescente.

Negar ao cliente irado o cabelo afundado no Risoto, como uma bandeira erguida com esforço no topo do Evereste. 

Ocupar o lugar para deficientes no estacionamento desculpando-se com enxaquecas atrozes.

Negar um flagrante delito ou uma boca na botija.

Uma amante deitada lânguida no quarto do casal.

Dizer-se da oposição com o pin do partido do governo na lapela.

Afirmar-se inocente com a arma fumegando na mão ou, ainda, agarrado ao pescoço da vítima.

     Há latas e latas, mas sem ela não se arranja namorada, não se ganha lugar na fila, não se consegue par para o baile de finalistas...Não se vai longe. É com ela que se conquistam lugares, se recuperam posições, se avança na direcção do El Dorado.

     A lata desafia a vergonha é dissimulada e disfarça, por isso não agrada ao discreto nem serve ao tímido. É desaconselhada pelo bom senso, mas consegue resultados.

     Na lata cabem várias ousadias e uma imensidão de "não custa nada tentar". Fica algures entre o "ver se pega" e o "pode ser que cole". Perto da fronteira do "Não há outra maneira".

Um mundo estratosférico subdimensionado para as necessidades, transversal a todas as classes, com densidade populacional excessiva e sem demografias privilegiadas. 

     A lata recomenda moderação como o Viagra, mas tal como o uso selvagem deste leva a corações a explodir também com ela se observam exageros.

Além disso, a lata pode, muito bem, cair em saco roto. Esse é um risco que se tem de correr. Mas como toda a gente sabe:

"Quem não chora não mama".

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publicado por Carlos M. J. Alves às 16:31

III Contras feitas

Quarta-feira, 13.02.13

Ser do contra não é instalar-se, desordeiro, no meio da claque da equipa adversária. Nem é mudar de ideias quando já se pisa as praias da Normandia. Não é de quem só tem garganta ou vive de bico calado.

    Num país de observatórios não há em Portugal um estudo disponível que permita demonstrar que por cada milhar de portugueses que, estóicos, aguentam de papo cheio a situação deprimente a que se chegou, como um ganso vendo passivo o fígado passar a foie gras há uma voz do contra. E o mesmo se diga para quem a gorja serve, unicamente, para com a mesma naturalidade de Van Gogh pintando girassóis, se armar em treinador de bancada consensual. Para não falar do mais do que consciente e modesto cidadão que acha que "Vozes de burros não chegam ao céu".

Por cada um desses milhares há uma voz do contra.

     A voz do contra não consegue curas para doenças incapacitantes. Às vezes engana-se. E até pode defender que os óscares estariam melhor entregues a Bo Derek do que a Meryl Streep. Jurar a pés juntos que a parede branca caminha perigosamente para um negro máximo. Contestar penalties apesar das imagens esclarecedoras. Apontar para o norte quando o caminho é para sul. Teimar que O Paciente Inglês é uma comédia. Ou ter voz estridente de Fran Drescher em de The nanny named Fran (Competente e Descarada). Pode, mesmo, não ir além de dar dois gritos.

Mas, não é essa que interessa. Mas, a outra, a construtora, que sozinha consegue erigir pirâmides. Essa é linguaruda. Refilona. Não se cala nem deixa por dizer.

É o contrário de uma voz resignada que é mansa e anda em bicos dos pés, sem pernas para tomar a dianteira.

     É por isso que a voz do contra é rara, porque a maioria das vezes perde mais do que ganha. Faltam voluntários para ela.

Mas, não há dúvidas de que em termos de importância mais vale uma voz do contra afónica do que uma resignada esganiçada.

     Uma voz do contra é inoportuna, desagradável e altiva.

É desinibida e faz mais alarido do que um gato com cio. Fala alto e não se encolhe. Barafusta.

Finca o pé e não se desvia. O que a faz pouco popular.

Uma voz do contra dá o corpo às balas nas guerras que vai comprando. Não gosta de perder nem a feijões. E, também, não deixa que lhe passem a perna.

Ao contrário de uma voz resignada que é mansa e anda em picos de pés, sem pernas para chegar à dianteira. Para quem tudo são favas contadas.

    A voz do contra não é cega, tem até os olhos bem abertos e vê mais longe do que o habitual. Tem um pouco de rufia, de pedra no sapato. É casmurra e nunca dá o braço a torcer. Incomoda. É uma pedrada no charco, uma sacudidela no marasmo, um abanão vigoroso.

     A voz do contra foge ao habitual. Nem sempre está do lado da razão mas, facilmente, se encontra do outro lado. É uma voz que se levanta e não se preocupa em ficar sem lugar.

Não afina pelo mesmo diapasão, o que a torna dissonante. Nem se perde em silêncios ou vai em conversas, muito menos nas moles.

Em relação a concordar com terceiros é objectora de consciência uma vez que não se deixa intimidar.

Essa é a razão porque às vezes parte a loiça toda: um pirex cheio de desilusões que estavam atravessadas, uns cristais raríssimos repletos de coisas que ficaram por dizer, umas porcelanas deslumbrantes escondidas atrás de umas orelhas moucas a que se disse basta. E quando a cristaleira não for suficiente abre-se mão das cerâmicas que quando se parte a loiça toda não se olha a estilhaço de barro.

Sai caro? Às vezes. Mas, conhecem alternativas?

Façam as contas.

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publicado por Carlos M. J. Alves às 10:53

III O Carnaval é para as mulheres

Segunda-feira, 04.02.13

Uma vez por ano e durante três dias, macho que é macho passa de Alfa a, pelo menos, Beta. E, de preferência, a fêmea Gama. Confuso?

O Carnaval provoca desarranjos graves na testosterona. Desalinhos na sexualidade. Identidade esquizofrénica quanto à varonilidade. Ambivalência. Incontinências de feminilidade. Confunde o X e o Y. É uma espécie de cocktail virulento extraordinário à base de influenza e ébola efeminados. É matéria de exorcismo sexual.

   Todos os anos a situação mantém-se. Durante o Carnaval homem que é homem quer fazer passar-se por mulher. Não uma dona de casa extremosa, competente nos refogados e rígida com a educação das crianças e os horários de amamentação, mas uma matrona gostosa, brejeira e oferecida a quem faltam o mínimo de boas maneiras. Com porte de estivador, escondendo debaixo da sensibilidade de entrudo a robustez de metalúrgico.

O folião perde a vocação viril e ganha cintura badalhoca. 

     A época atrai a mudança como a promessa de cargo durante a campanha eleitoral. É hospitaleira para com quem dá o salto e não entrega cartões-de-visita estereotipados às visitas.

    É habitual encontrar um homem cuja transformação apressada faz perceber um paradigma mudado, engordado e degenerando em prima-dona. Pairando num limbo de gravidade zero com a pilosidade enxovalhada, passando de barba de Bin Laden a esfoliações compensatórias. Perde a língua viperina de Howard Stern e de resignado sofredor da síndrome de Tourette, torna-se falinhas mansas reformado do vernáculo.

Arranja-se, pinta-se, aprimora-se. Acrescenta unhas, tira sobrancelha, arrebita pestanas.

Sobem as saias, apimentam-se os ares e decotam-se as blusas. Esganiça-se e tiram-se graves. Perdem-se forças.

Como se foliar fosse mais coisa dela do que dele.

    Homem que se mascara ganha cintura fina e meia de descanso. Incha acima do abdominal e abaixo do pescoço. Suspende os acessos de masculinidade. Mostra pele como quem a está a entregar ao sol das Seychelles. Movimenta-se como quem ganhou asas de frango. Oferece-se, sem vergonha, com melhores condições do que  as promoções do Pingo Doce. Ganha vocação de freira. Perde o horror ao sangue e às injeções e surge-lhe consistência de enfermeira.

    Assim se prova o título que bem poderia ser uma verdade a La Palice. O Carnaval é um shot gigantesco de estrogénio.

    No meu caso, não vou em carnavais. Não assisto, abrigado do aguaceiro, ao balanço da baiana. Nem acompanho a  batucada. Não gosto de me dar ares. De parecer. Andar em trajes de Ney Matogrosso.

Não faço corte a rei do corso. Não me aperalto. Não envergo uniforme nem visto a camisola. Estalar, rebentar ou enfarinhar para mim não são prioridades. 

Não embalo em certezas de "É Carnaval, não há nada a parecer mal!". Não vou em disfarces. E, em relação, a máscaras sou dissidente. 

Também não reclamo título de participante no Carnaval mais português ou genuíno. Não tenho pés para samba nem ritmo aproveitável para desfile. Não cedo olho ou acabo mancando para dar em pirata de perna de pau.

Não cedo. Nem que acabe em minoria.

Para alívio, no fim, há uma certeza: enterra-se o bacalhau.

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publicado por Carlos M. J. Alves às 19:24





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