Máquina da Preguiça®
O texto é uma máquina preguiçosa [Umberto Eco]
III Lembra-se de Laura Palmer?
Longe vão os dias de Twin Peaks. Kyle MacLachlan já não é o agente do FBI Dale Cooper e passou a ser membro do clube das Desperate Housewives (ABC). Embora musicalmente celebrada (a banda Bastille dedicou-lhe uma música com o seu nome), já ninguém chora a morte de Laura Palmer. O luto terminou. Falling into the night. Como inspira(va) a banda sonora da sua epopeia. A vida continua.
Com o passar dos anos, lançado com o sucesso comercial de Elephant Man (1980), David Lynch, que a criou (com a ajuda de Mark Frost), passou por Mulholland Drive (2001). Tirou fotografias. Fez exposições. Andou pela internet. Abriu um espaço (surrealista?) em Paris (Silencio).
O senhor dos cabelos grisalhos que se sente (não sou só eu que acho!?) em Born to Die de Lana Del Rey (ver post Irmã Lana (Del Rey) abaixo), parece esquecido do fenómeno de culto Eraserhead (1977) ou isso já não lhe interessa. Ficou para trás conjuntamente com o aclamado Blue Velvet (1986). Pelo meio constam Wild at Heart (1990), Lost Highway (1997), o family movie The Straight Story (1999) e Inland Empire (2006).
E ainda arranjou tempo para a música, para lá do que se lhe conhecia da colaboração inspirada com Angelo Badalamenti (quem não se lembra da androgenia de Julee Cruise?) e do flirt musical de 1977 em Eraserhead.
Da maturidade dos seus 64 anos, a solo (embora conte como convidada especial com Karen O, vocalista da banda Yeah Yeah Yeahs, em Pinky’s Dream), temos agora (2011) para audição Crazy Clown Time.
Como em relação aos filmes do norte-americano, primeiro estranha-se e depois entranha-se.
Quando se justifica, Lynch, sussurra como quem é Leonard Cohen. Fá-lo em Stone’s Gone Up. Espacial. Atmosférico em Movin’ On. No geral, como quem diz, pede ou, simplesmente, exige como antigamente: Fire Walk With Me.