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III Em relação a optimismo, sente-se com sorte?

Sábado, 23.03.13

Por causa do que vejo e pelas provas dadas, dificilmente caio em optimismos. Sou realista. Não acho que valha a pena e poupo-me aos embaraços.

   De antemão conto com desvalorizações, o défice mais terrível, as percentagens mais horríveis, mercados hostis, taxas não previstas, críticas negativas, aguaceiros súbitos, nevoeiros e temperaturas a baixar, escaldões, intoxicações alimentares e febres.

Temo-me às circunstâncias e conjuntura. Não conto acabar antes do fim do tempo, não me aventuro no prolongamento e não arrisco para lá do prazo de validade.

Não embalo nem canto vitória antes do tempo. Precavenho-me das dificuldades e protejo-me das desilusões, com factor extra forte, imunizando-me contra todas as estirpes de esperança.

Pelo sim pelo não penitencio-me em relação à tentação dos entusiasmos infundados, em contrição pelo deboche já vivido por causa do risco, enganadoramente, calculado.

Prefiro um pessimismo que não se concretiza a um optimismo despropositado. Por regra pinto o pior dos cenários e lanço-me, voluntariamente, num purgatório de hesitações e planos gorados e fico à espera.

  Em relação ao optimismo sou céptico. Não tenho a certeza e as minhas expectativas são, extremamente, baixas. Assim, garanto-me, ninguém sai prejudicado.

  Optimismo? Tenho dúvidas e não vou ao engano. Vejo-o como irrealizável: uma miragem. O pior dos oásis: aquém do caudal exigível, tâmaras desidratadas e palmeiras contaminadas e em inferno fitopatogénico. 

   Ocasionalmente prometo que tudo vai correr pelo melhor, mas no fundo aguardo os piores resultados e não espero saídas repentinas ou reviravoltas. Repito que vêm aí melhores dias, mas continuo com coelhos por tirar, definhando de malinas, ainda nas cartolas.

O meu saldo permanece negativo e inferior à media mais optimista.

   O optimismo tem-se de véspera e é para quando não se sabe para o que e que se vai ou não se sabe com o que é que se conta. 

Eu, que prefiro a concorrência [o pessimismo], acho-o enganador e considero que só atrapalha. Não é certo e às vezes tira férias quando mais precisamos dele. Não é seguro e por isso as contas saem furadas. Troca-nos as voltas. É contraproducente. A maior evidência para provar o que afirmo é que se fosse bom negócio a economia não estava como está.

"Como o seguro morreu de velho mais vale não cair em excessos de confiança.", repito para mim. Não se justifica. Bom, bom é ter certezas.

Mais vale não ter ilusões. Moderar nas aspirações e contentar-se com o possível. Até porque às vezes não há volta a dar e é constrangedor quando as previsões [mais optimistas] não se concretizam.

  A verdade é que guardo grandes mágoas por não ser mais optimista, embora perceba que nem todos o podem e conseguem ser.  Só os que não precisam de garantias e que não se importam de caminhar às cegas. Infelizmente, não gente [como eu] com olhos bem abertos e a precisar de ver por onde vai.

  O optimista é facilmente reconhecível. Vive de votos e orações. Embora caia em logros, é afoito, temerário: fecha os olhos e lança-se ladeira abaixo. Em pleno inverno já tem os olhos postos na primavera.

Anda de bem com a vida. Acha que consegue e que tudo vai correr pelo melhor.

Escapa ao expectável e ao inusitado. Conta com uma ajuda extra. Fica com a última senha. Arranja o último bilhete. Fica com os melhores lugares da sala. Só tem dias bons de praia. E tem período de descanso nos dias certos.

  É preciso ter o espírito certo para ser optimista. 

Um optimista topa-se à légua. É inconsciente, confiante, desenrascado. Acredita sempre em dias melhores. Acha que não se perde nada. Safa-se. 

Sai de casa bem disposto. Sem chapéu-de-chuva, em mangas de camisa e à justa para o emprego porque não apanha bicha. Se o carro não pegar arranja logo boleia. Não fica retido pelas greves. E apanha Táxi em sítios impensáveis e a horas improváveis.

Escapa às alergias e às constipações da época.

Salta para a frente na lista de espera interminável.

   É por essas e por outras razões que tenho pena de não ser optimista. Se for algo que se treina, estou disposto a entregar-me ao regime mais rigoroso. Se for uma questão de investimento, deposito nele todas as minhas poupanças.

Até porque, na minha opinião, o optimismo só é mau numa ocasião: quando a sorte se acaba.

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publicado por Carlos M. J. Alves às 10:05


1 comentário

De Sandra a 08.05.2013 às 15:44

:)

Se descobrires como se treina esse optimismo , conta comigo que bem preciso! Também gostaria de ser daquelas pessoas que nunca se enganam, não têm dúvidas. Aquelas que são perfeitas, tudo o que fazem é excelente e se por acaso algo corre mal.... a culpa nunca, mas nunca é delas. Passam pela vida de passeio...

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