Máquina da Preguiça®
O texto é uma máquina preguiçosa [Umberto Eco]
III Quatro anos de furacão Catarina
Como sobreviver a um furacão? Bem, não sei em relação aos outros, mas no que diz respeito à minha filha mais nova enfrenta-se fazendo gugu-gaga, com colinho e cantarolando os maiores êxitos das melodias infantis. A princípio, pelo menos. Nos dois primeiros anos. À base de canal Baby e Panda. Depois passando a Disney Channel e Nickelodeon. Que é como quem diz: Noddy, Ruca, Os mundos de Mia, até chegar a O meu cão tem um blog.
Ao contrário dos furacões normais não existem lugares mais abrigados nem medidas de salvação perfeitas. A sobrevivência exige fraldas secas e papa a tempo e horas, nervos de aço e capacidade de aguentar meses sem dormir.
Cá em casa o nosso furacão tem quatro anos. Um cataclismo gostoso que faz hoje anos. Uma intempérie com tanto de chorona como de bem-disposta. Sem momentos acentuados de calmaria. Nem mesmo quando tudo era atingido gatinhando ou sob a companhia auspiciosa de barbies e da sereia Ariel. Levando centrifugamente mesas, cadeiras, legos e palmeiras pelos ares.
Nós habituando-nos, o melhor que conseguimos, às constantes mudanças atmosféricas e aos remoinhos agitados de mau feitio.
Temos escapado à justa. Um furacão é sempre um furacão!
Mas, também, não merece a pena fazer uma tempestade num copo de água.