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III Sobre escrever [mandamentos]

Quarta-feira, 22.08.12


1. Work on one thing at a time until finished.
2. Start no more new books, add no more new material to ‘Black Spring.’
3. Don’t be nervous. Work calmly, joyously, recklessly on whatever is in hand.
4. Work according to Program and not according to mood. Stop at the appointed time!
5. When you can’t create you can work.
6. Cement a little every day, rather than add new fertilizers.
7. Keep human! See people, go places, drink if you feel like it.
8. Don’t be a draught-horse! Work with pleasure only.

9. Discard the Program when you feel like it—but go back to it next day. Concentrate. Narrow down. Exclude.
10. Forget the books you want to write. Think only of the book you are writing.
11. Write first and always. Painting, music, friends, cinema, all these come afterwards.

 

in Henry Miller, on Writing

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publicado por Carlos M. J. Alves às 06:14

III Sobre escrever [lista reduzida de sugestões]

Terça-feira, 21.08.12

By VERLYN KLINKENBORG*


1. Know what each sentence says,
2. What it doesn't say,
3. And what it implies.
4. Of these, the hardest is knowing what each sentence actually says.
5. There are innumerable ways to write badly.
6. The usual way is making sentences that don't say what you think they do.
7. The only link between you and the reader is the sentence you're making.
8. You can't revise or discard what you don't consciously recognize.
9. These assumptions are prohibitions and obligations are the imprint of your education and the culture you live in.
10. Distrust them.


*Verlyn Klinkenborg escreve editoriais para o The New York Times e são da sua autoria Making Hay e The Last Fine Time.


Via Brain Pickings

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publicado por Carlos M. J. Alves às 16:04

III Sobre escrever

Terça-feira, 21.08.12

By VERLYN KLINKENBORG*

Like most received wisdom, what people think they know about writing works in subtle, subterranean ways. For some reason, we seem to believe most strongly in the stuff that gets into our heads without our knowing or remembering how it got there. What we think we know about writing sounds plausible. It confirms our generally false ideas about creativity and genius. But none of this means it's true.

 
*Verlyn Klinkenborg escreve editoriais para o The New York Times e são da sua autoria Making Hay e The Last Fine Time.

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publicado por Carlos M. J. Alves às 15:45

III Russos, só depois do meio-dia

Domingo, 22.04.12

[Notas para um perfil]

 

Se a literatura for alimento (para a alma?), então eu sou um bom garfo. Nada se aproxima a um magnífico naco de prosa. Uma boa talhada de páginas. Finalizada com um majestoso cubano. Um Guillermo Cabrera Infante, Raúl Rivero ou Reinaldo Arenas.

   Mal pressinto o cheiro a refogado letrado e as papilas literárias despertas antecipam, prontamente, um Carré de borrego com molho de frutos vermelhos e creme de alho francês, género Enrique Vila-Matas. Ou uma mousse de Chocolate e gengibre à base de Philip Roth para rematar. Faço, imediatamente, reserva vitalícia.

  Evito acidentes culinários. Ou pratos undercooked. Sei que há pessoas que resistem a anos de dieta leve de Margarida Rebelo Pinto. Mas, literariamente tagarelando, aprecio comida condimentada. Nada me satisfaz mais do que uma boa tragédia grega. O que há de melhor do que a morte dos dois filhos de Édipo, Etéocles e Polinices, para despertar sabores? Ainda Creonte não galgou degraus bastantes na subida até ao poder e o meu palato já está em frenesim. Menos que isso, nem se aproxima de uma Salada César.

  O meu estômago ressente-se. Claro! A minha saúde anda por um fio. É como degustar uma cabidela às dez da manhã ou uma feijoada e um cozido à portuguesa, bem servido, às onze.

É ouvi-lo a clamar: «socorro, estou a arder!». 

   Ainda assim, não desdenho. E bom mesmo é um dramalhão, daqueles de fazer inveja a Daniel Oliveira nas entrevistas da SIC, servido numa redacção exemplar. Porque os olhos também merendam.

Literatura russa, obviamente. Ooh La La! Quelle merveille!

E nada de Morangoska deslavada para ficar com um gostinho.

   Há quem diga que nas letras, resplendecem os finais de Tchekhov e os de Shakespeare. Nos do inglês, as pessoas acabam mortas. Nos de Tchekhov, deprimidas, amarguradas, mas respirando. Sempre faz menos mal!

   Não me lembro da abertura oficial feita por Brejnev. Provavelmente a única coisa que recordo dos XXII Jogos Olímpicos (os de Moscovo) de 1980 é o urso Misha. Nem nunca estive embevecido pelos êxitos da Soyuz. Mas, a partir de certa altura, troquei Enid Blyton por Dostoievski, Tolstoi, Tchekhov.

   Foi aí que tudo começou. Comecei a associar "slova" a palavra e "pisat'" a escrever.

Apesar disso, percebo que se evite Gógol, Púchkin, Liérmontov e Turguêniev antes do meio-dia.

São impensáveis de estômago vazio.

Ninguém aguenta niilismo logo pela manhã.

Guerra e Paz, Crime e Castigo ou Anna Karenina em jejum matinal deixam uma sensação incómoda. O mesmo se diga para O Diário de Um Louco de Gógol.

Mas reconheço a minha hesitação, mal começo a ler:

 

No vasto edifício do Palácio da Justiça, o procurador e os membros do tribunal reuniram-se, durante a suspensão da audiência do processo Melvinsky, no gabinete de Ivan Egorovitch Schebeck;

 

Esqueço-me, automaticamente, do mal que faz para me concentrar no bem que sabe. Mal a tradução de Adolfo Casais Monteiro de A morte de Ivan Ilitch de Tolstoi começa a fazer efeito, fico deliciado.

   A literatura russa tem para mim estatuto de menu completo. E os autores equiparáveis a Gordon Ramsay e Jamie Oliver.

Menos do que isso sabe-me a requentado. Não há estômago que resista. Uma azia desvairada cresce por mim. Perpétua.

   Bem, tanta conversa abriu-me o apetite!

O que temos hoje?

Já me cheira a Ziti Al Forno.

Está-me, mesmo, a apetecer um Máximo Gorki.

Estou a ficar com uma fraquezazita.

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publicado por Carlos M. J. Alves às 10:00

III O caso da folha suícida

Quinta-feira, 15.03.12

[Conto surrealista sobre a relação, tensa, na escrita, entre homens e objectos]


 

Aqui se conta o relacionamento conturbado de determinada folha – branca – e uma caneta de tinta permanente (adquirida a um brigadeiro com problemas de jogo (póquer)), cujo envolvimento culminou num alegado crime passional. Não serão citadas marcas e os intervenientes indirectos permanecerão no recato.

       - Bloody hell! – vociferou o escritor quando se deparou com o sucedido (a folha brutalmente rasgada), atirando a caneta, ainda estremunhada por ter saído recentemente do estojo em veludo vermelho e tampa com brasão,  para longe, afortunadamente, sem a ferir, frustrado por não conseguir terminar a frase que as musas lhe haviam inspirado momentos antes:

         - A fé não serve para muito, mas sempre dá para mover montanhas.

Isto na língua do narrador, a quem se permitem certas veleidades, e não na do escritor que era inglês e de Paddington.

        - Logo agora! – lamentou a caneta, em defesa do escritor, com o aparo rombo pelo acidente, recuperada do trambolhão, enquanto a folha se contorcia rasgada.

        - Ai, Ai – queixou-se a folha, agonizando.

        - Que maçada – continuou a caneta pouco impressionada, com o aparo ultrajado – E tu? – interpelou ela à musa – Nenhuma ideia?

A musa sentada à cabeceira da secretária do escritor encolheu os ombros ao ver o buraco na folha.

Era um buraco grande. Não havia dúvida. Dava até a sensação de ter ultrapassado o último parágrafo e saltado até ao antepenúltimo.

        - Ai, ai – queixou-se, novamente, a folha.

      - Vá coragem! – incitou a caneta de tinta permanente com o aparo ligeiramente encrespado.

As autoridades acabaram por chegar ao local pelas 17h30. «Trata-se do caso de uma folha rasgada», confirmaram com veemência ao juiz no dia do julgamento.

       A caneta de tinta permanente foi acusada. Apesar de ser de colecção. A lei não se compadece com canetas de aparo dourado, porte nobiliárquico e modelo do princípio do séc. XX. Atentara na parte mais frágil - a do ponto final – de uma folha em branco vulgar de gramagem normal para escrita (embora permitindo dobragem e pintura simples) e altivez tísica rasgando-a criminosamente, por rivalidades antigas, sem honra nem glória.

A pena? Cento e cinquenta cópias monótonas e um ano sem poder exercer escrita criativa. Do resto nada se sabe porque está protegido por segredo de justiça.

      A família da vítima vendo a folha privada precocemente das suas potencialidades resolveu recorrer, por considerar a pena demasiado branda. Alguns adultos atemorizados pela folha em branco defenderam o agressor.

      O processo continua a decorrer, após ter sido aberto um novo inquérito para apurar as circunstâncias em que ocorreu o acidente e peritos em folhas em branco A4 estão a ser consultados. Fosse ela uma folha A3 e tudo seria mais complicado.

      - Porquê ela? – interrogam os familiares. Relembrando todas as folhas que tombam anónimas e as que estiveram na origem de obras como a Metamorfose, D. Quixote, Madame Bovary ou até os Lusíadas e que são constantemente preteridas em relação ao livro acabado.

A tese de suicídio começa, entretanto, a ganhar consistência. «Harakiri», esclareceram os especialistas em folhas A4 brancas. Parece que a folha tinha papel de origem japonesa e andava deprimida.

     Desiludido o escritor desfez-se da caneta de tinta permanente, trocando-a por uma daquelas modernas de ponta fina que falham facilmente, com que palavra a palavra, frase a frase vai continuando o seu trabalho até precisar de outra folha.

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publicado por Carlos M. J. Alves às 14:10





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