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III Para chegar ao ouro é preciso brilhar!

Sexta-feira, 10.08.12

Em relação ao desporto em geral  [depois do futebol, claro, e excluindo o monótono  vrumm-vrumm circular da fórmula 1] e Jogos Olímpicos em particular, só tenho uma palavra a acrescentar: maratona.

Justificação? 

Bem, para isso temos de recuar até 1984.

   Mil novecentos e oitenta e quatro que tinha sido, durante anos, um livro apocalíptico de George Orwell, tinha chegado. 

Para coordenadas (culturais), até porque se trata de algo que não se parece com nada anterior (o que exige de antemão auxílio extra), nos singles mais vendidos, entre nós, contaríamos com o infame sucesso I Just Called To Say I Love You de Stevie Wonder e nos álbuns, em destaque desonroso, a colectânea Jackpot. Mas, como à solidão de um mal se juntam em festa outros, O Calhambeque de Roberto Carlos, também, faria estragos. O que redundaria num total de, pelo menos, três grandes males. Amadeus sairia consagrado nos óscares e ouviríamos falar do Macintosh 128K sem, no entanto, imaginação suficiente para nos acercarmos em, futurologia alucinada, do Ipad. Sinfonia 40 e computadores pessoais entupiriam as artérias de contentamento, próximo do AVC, desse longínquo ano.

No mundo automóvel chegariam os monovolume Chrysler que seriam um sucesso.

Em termos pessoais duas notas:

  a) ambição principal: arranjar uma companheira para povoar pelo menos um sistema solar;

  b) preocupações fundamentais: conseguir um penteado sedutor, ter uns ténis de arrasar, t-shirts estilosas, ser o rei da pista de dança, vencer o acne e conseguir uma barba convincente.

E havia os Jogos Olímpicos. Em Los Angeles. Boicotados pela União Soviética e pela maior parte da família comunista à excepção da China, Roménia e Jugoslávia que participaram. Tudo como retaliação ao boicote de 1980 aos jogos Olímpicos de Moscovo. Episódios da difícil convivência da águia  Sam com o urso Misha.

Aí, uma referência bastaria para os portugueses: Carlos Lopes. 

   Estávamos no dia 12 de Agosto de 1984, na madrugada do dia 13, em Lisboa, para sermos mais exactos.

O videogravador estava a postos. O sono, avarento, também. VHS prevenido para o registo de algo que não caminharia num habitual de A para B e daí para C. Eu a descontrair as pernas. Concentrado. Olhos postos nos outros concorrentes, disfarçando calma no pequeno ecrã.

   São sete da tarde em Los Angeles quando a corrida começa e uma da manhã em Portugal. Carlos Lopes  parte com uma tranquilidade de quarenta e seis pulsações. Eu mais.

Andamento vigoroso de herói imperturbável e temperatura elevada. Alberto Salazar, o norte-americano que já ganhara a maratona de Nova Iorque três vezes, cede ao quilómetro 19. 

Continuo acordado e a puxar por Carlos Lopes. Suportando o  jet lag. O peito arfando.

 

 

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publicado por Carlos M. J. Alves às 12:38

III Poderão os últimos ser melhores do que os primeiros?

Segunda-feira, 16.07.12

Para a minha mulher

 

Em relação aos beijos há uns mais beijoqueiros do que outros.

Mas ninguém passa sem eles.

   Um beijo pode ser, simplesmente, um beijo. Mas, também, pode crescer para algo maior: um fale agora ou cale-se para sempre, por exemplo. Ou servir para desfazer dúvidas.

Pode motivar de pintores a psicólogos evolucionistas.

Ocorrer de variadas maneiras: espontâneo, medroso, controlado, desconfiado, enamorado... 

Ter ares de dandy, de  Madame Bovary ou de quem mete o nariz onde não é chamado.

Pode ter um itinerário natural ou fazer desvios.

Contentar-se com amor e uma cabana ou ser exigente e com gostos gourmet.

Movimentar-se à vontade como se dissesse: there's no place like home. Ou desconfortável, como se experimentasse uns sapatos novos.

   E o primeiro? 

O primeiro beijo segue as regras. Teme-as. Espera que haja um próximo. Tenta não comprometer. E depois vai para casa.

É de quem está a começar. A fazer pela vida, inexperiente. Traz areia agarrada.

É um ganhar embalagem.

Um means to an end.

Cândido.

Rápido. Vívido. Sôfrego.

Longo. Intenso. 

Irreverente. Efusivo.

É desembaraçado. Mas tem a subtileza de um elefante numa loja de cristais. 

Faz asneiras.

O momento de todos os perigos.

É uma sorte. Sobre ele dizemos: "foi espectacular". Mas sabemos que "foi benzinho".

Está sobrevalorizado. Em relação ao primeiro beijo o melhor é, realmente, o que se lhe segue.

   Em relação a um beijo, prefiro o último. O acabado de dar. Mais experiente.

Socorrendo-me de linguagem laboral, o primeiro beijo é uma entrevista prévia para ficar com o lugar disponível. O último é uma carreira consumada. Quem tem paciência para entrevistas?

Se no primeiro se ouvem campainhas, no último deliciamo-nos com as Variações Goldberg interpretadas na perfeição.

   Deveria exigir-se que cada beijo fosse dado como se fosse o último. Inclusive o primeiro. Em mote de "tudo acontece hoje".

   O último beijo pode ou não ser definitivo. Mas devia ser inflexível. Má escolha de palavras? Não me parece. O último beijo deveria ser um murro na mesa. Um: "não me contento com menos que isto". Um: "aguentas-te?".

Cada caso é um caso, como é óbvio. Cada voz deverá ser ouvida. Para apurar responsabilidades e tirar conclusões. Mas...

   O último beijo sobreviveu às dúvidas do primeiro. De olhos fechados. Humilde e grato.

Mas, no fim, o último beijo deve ser inconsciente. Como se fosse o primeiro e como se não houvesse amanhã. Ou outra oportunidade. Como se quisesse acabar de vez com o assunto. Mas, deixando água na boca para o próximo.

   Uma coisa é certa, em relação a um beijo, ninguém chega ao último, acabado de dar, sem ter tido o primeiro.

   De um último beijo, acabado de dar, espera-se tudo. Ao contrário do primeiro, que tem tudo a provar. 

O último beijo é mais sereno, mas não tem que ser menos apaixonado. Se o coração continuar a bater como com o primeiro, então tudo está bem. O meu foi há menos de trinta minutos e estou ansioso pelo próximo.

   Beijos!

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publicado por Carlos M. J. Alves às 18:26

III O Sapo inspira-me. Obrigado!

Terça-feira, 12.06.12

«O inspira-me é um suplemento criativo forte em nutrientes e ideias para blogs a precisarem de inspiração.»

É assim que se apresenta e é made in Sapo, obviamente. «Uma fonte de temas, ideias e sugestões para posts.» Acrescento para quem ainda não percebeu ou não conhecia.

   Privilégio. Honra. São algumas das possibilidades para qualificar o Sapo ter-se inspirado num post da Máquina da Preguiça para a sua iniciativa:


   O que é um Blog?


Para mais informações faça login nos Blogs do SAPO e na sua área de gestão dos seus blogs clique em Saber Mais ou veja as respostas de quem já participou.

   Sorte. Felicidade. Buena-dicha. Bambúrrio. Também me parecem boas possibilidades.

   Satisfação. Prazer. Contentamento. Alegria. Ficaria igualmente bem.

   Mas a verdade é que estou sem palavras.

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publicado por Carlos M. J. Alves às 16:54





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