Máquina da Preguiça®
O texto é uma máquina preguiçosa [Umberto Eco]
III A selecção ganhou. Longa vida para a selecção!
Nervos à parte, a selecção ganhou à Dinamarca. Para trás ficou o mau resultado com a Alemanha que tantos amargos de boca deixou em todos os portugueses. Às vezes o algodão engana. O lado obscuro da força vence.
Mas, quando em apuros o português esperneia. Entra numa de ou vai ou racha. Quando lhe interessa o português é matreiro. Atira-se às pernas. Às vezes dá certo. Não é tarde demais. O passarinho nas mãos. Sem possibilidades de escapar. Hoch soll’ Sie leben, Portugal!
A Selecção Nacional ganhou à Dinamarca.
Nada de contas. De morrer na praia. Para já!
No final não restaram dúvidas de que eles não eram melhores do que nós. Que estávamos preparados para a vitória. Para vencer no um para um. Na meia distância. No meio campo. Na luta. Na táctica. No livre. Nas substituições. Mesmo quando não jogámos melhor. Ou não fomos iguais a nós próprios. Com Ronaldo desinspirado. Ansioso. Em dia não.
Sim, podíamos não ter sofrido. Não ter permitido. Ter marcado mais. Melhor. Mas, a vitória, também, podia ter sido moral. E a selecção ganhou à Dinamarca. A vitória já cá canta. Já está no papo.
Os mais supersticiosos que esclareçam com o polvo o resultado entre Portugal e a Holanda [ele que “acertou” com a Alemanha (está reposta a verdade, José Filipe)].
Não queremos mal entendidos. A sorte comprometida. Perder nos detalhes.
A selecção ganhou. Mesmo com polémicas à mistura. Mais as desilusões. E as críticas do «parece que não veem». E as opções de cada um. A estratégia do «acahava melhor».
Quando quer o português desunha-se. Baralha e dá de novo. O resultado está à vista!
Quanto ao polvo uma sugestão. Juntar-lhe cebola, caldo de peixe, batatas para assar no forno, dentes de alho, salsa e azeite.
É uma das formas que, reconhecidamente, mais o beneficia. À lagareiro.
E é de aproveitar o polvo Paulo. Que, realmente, a julgar pelo aspecto nada tem de pobre (lamento a anterior adjectivação infeliz, José Filipe).
Deve, sem dúvida, render uma bela tachada.
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III Àcerca da vitória...
Agora que andamos com a cabeça encafuada nos resultados do euro 2012 talvez valha a pena perder um pouco de tempo a pensar naquilo a que todos aspiram: a vitória.
E porque hoje frente à Dinamarca só ela nos interessa, ficam algumas notas:
a vitória é impositiva
mais do que a menina da caixa quando insiste: «Não vai precisar de saco? Não vai precisar de saco?»
às vezes é só moral
em relação à vitória há as que sabem a pouco
as sofridas
as que não se esperava
as que não se conseguiram, mas com que se contava
e as com que se contava
há, também, aquela que fica à espreita
a pequena e a grande vitória
a vitória de todos
e a da arma secreta
a conseguida no último momento
a rápida
provavelmente todas valem o mesmo, mas há umas mais saborosas do que outras
umas são justas e outras não
algumas vitórias nunca acontecem
umas acontecem sem preparação
outras foram profundamente planeadas
certas não são aquilo que estávamos à espera
umas empolgam-nos mais do que outras
outras entusiasmam-nos para novos voos
algumas são mais importantes do que outras
umas têm um espírito «tudo pára quando a gente faz amor»
outras «no future»
ou por mais 50 euros levos as maiores
umas acrescentam um elã
outras são a feijões
todas são preferíveis à derrota
…