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III Filhos de boa gente

Sexta-feira, 22.02.13

Contribuintes pedem faturas em nome de Passos Coelho e Vítor Gaspar

Como forma de resposta à obrigatoriedade de pedir fatura, penalizando com multas quem não o fizer, há quem esteja a dar o número de contribuinte de Passos Coelho, Vítor Gaspar e até Miguel Relvas. Os dados estão a circular nas redes sociais. Ler mais

 

A quente pode pegar-se pela eterna questão dos meios e dos fins e quais justificam o quê mas, mais uma vez, fica provado que a vingança tem muito de canapés de camarão, de ceviche à moda de Sinaloa ou salpicão de frango com maçã. Serve-se fria.

     O português deixa arrefecer e depois vinga-se. É que deixar esfriar, ao contrário do que alguns pensam, não é, no entanto, o mesmo que deixar passar em claro.

     O português parece que não dá conta, mas aguenta-se discretamente, reagrupa, organiza-se, vai à volta ou procura outro caminho e chega lá.

Lambe as feridas, desvia a atenção do prato principal, mas entretém-se com uma salada de frango mexicana até atacar as iguarias.

     Em vésperas de ajuste de contas, o português continua com o que estava a fazer, mas não se esquece. Protela, mas fica-lhe atravessado. Lança manguitos, reivindica e contra-ataca.

    O português não se faz de vítima, não se dá ares de mártir, nem oferece a outra face, antes tem ganas de "Quem mas faz paga-mas!" e de "Não perdes pela demora!".

     O português pode ser brando nos costumes, mas vai aos arames como toda a gente. Não tem arcaboiço para injustiças, não dá tréguas a traições e atira-se aos gasganetes de avestruzes  com a cabeça enterrada na areia.

Não vai em conversas e muito menos admite que lhe mexam nos bolsos. 

Como qualquer bom entendedor, não precisa de muitas explicações, improvisa e meia palavra basta-lhe. 

     O português sente-se mal representado e anda farto de ser sempre o mesmo a pagar a conta. Até porque, como se costuma dizer: "Quem não se sente não é filho de boa gente".

     Pelo sim, pelo não, vamos lá a ver se, pelo menos, começamos a dividir a factura.

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publicado por Carlos M. J. Alves às 18:42

III Mudar ou não mudar de vida, eis a possibilidade?

Sábado, 12.05.12

Muda de vida se tu não vives satisfeito

Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar

Muda de vida, não deves viver contrafeito

Muda de vida se há vida em ti a latejar

 

António Variações/Humanos, Muda de Vida

 

 

O mundo é feito de mudança. Dizia Camões. E o desemprego uma “oportunidade para mudar de vida”. Acredita Passos Coelho.

Não tem que ser um “sinal negativo”, afirmou o primeiro-ministro [numa conferência sobre o empreendedorismo].

Desengane-se quem acha que ele é mau. Não é.

Antes o advento do homem novo.

Não há idade que atrapalhe. Conjuntura que embarace.

Ainda que não rejubilando, o verdadeiro desempregado não desanima. Não deve!

Mesmo quando sufocando, com os gasganetes estrafegados pelas contas.

Convencido de que no sorteio do bem-me-quer, mal-me-quer, para a colocação o bem se vai sobrepor ao mal.

   Já Vítor Gaspar, tantas vezes acusado de ser mais alemão que português, austeridades à parte, foi-o desta vez, naquilo que temos mais de nosso: o pessimismo. Acreditando que “a satisfação de vida não se recupera”.

Coisa pouca ante a oportunidade subjacente.

Se achava que não muda quem quer, que pode tentá-lo, pensá-lo, até ser necessário, mas não é inevitável.

Estava enganado.

Pense de novo quem considerou que a mudança não se decreta. Que exige condições. Que se faça por isso.

   Mudar é fácil [e não se desvalorize o conselho anterior, do primeiro-ministro, de emigrar].

Mudar já? Não, isso era para ontem!

   Tinha que ser um político a afirmá-lo. Era inevitável.

Os governos têm nisso dado um bom exemplo. Mudanças, constantes de 360 graus.

Embora tudo ficando igual.

   Ao contrário da oposição [sempre negativista], não me sinto ofendido com as palavras de Passos Coelho.

Ou com a sua atitude inspirada de Lavoisier: nada se perde, tudo se transforma.

Penso que toda a polémica em relação às suas declarações é claramente política. E digo-o, pensando no que sinto sempre que tenho que votar.

Não posso falar por ninguém [nem o vou fazer] mas, na minha opinião, e não tenho a menor das dúvidas quanto a isso, o problema com o mudar de vida é idêntico ao de mudar de governo:

FALTA DE ALTERNATIVAS

 

 

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publicado por Carlos M. J. Alves às 18:37





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